23/10/10

XXXº domingo Comum - C

0. Ninguém é justo juiz em causa própria. E menos justos somos quando julgamos os outros!
A cegueira do orgulho impede-nos demasiadas vezes de ver e assumir os nossos limites e defeitos e, nessa mesma medida, impede-nos de ver e reconhecer o valor e as qualidades dos outros. Por isso, somos habitualmente demasiado condescendentes para connosco e excessivamente severos para com os outros.
Na Parábola do Evangelho que escutamos Jesus procura ensinar-nos que não se pode considerar justo o homem que despreza o seu semelhante mesmo que cumpra todas as leis legais!

1. O fariseu, foi ao templo rezar, mas não rezou verdadeiramente. As suas palavras e os sentimentos que elas exprimem são tudo menos oração.
Este homem evoca o nome de Deus mas pensa exclusivamente em si mesmo. Ele fala, mas não reza, limitando-se a fazer o seu próprio elogio. As suas palavras porque não têm verdade e são ditas sem amor não podem nunca ser oração! Só rezamos quando falamos toda a verdade e colocamos amor naquilo que dizemos!

Na sua oração o fariseu coloca-se a ele como centro e não coloca Deus no centro! O fariseu reconhece e evidencia os seu méritos e valores e não reconhece na sua vida a acção e o dom de Deus.

O fariseu foi ao templo, não para se encontrar com Deus, mas para mostrar aos homens que rezava; não para fazer silencio interior e escutar Deus, mas para falar todo o tempo de si próprio. Foi para cumprir uma lei, mas não para amar a Deus.
Considerando-se auto-suficiente e perfeito, nada pede a Deus! Incapaz de ver e assumir os seus erros e pecados, não manifesta arrependimento nem implora perdão. Cheio de si e feliz por ser assim, torna a sua vida completamente impermeável ao amor e à acção de Deus.
Foi ao templo cheio de orgulho e por isso não rezou. O orgulho impediu-o de se encontrar com Deus.
Continua ainda hoje o orgulho a cegar e a enganar tanta gente. Quem vive fechado no seu orgulho engana-se a si próprio, procura enganar os demais e tenta enganar a Deus… Como se fosse possível enganar a Deus! Como se fosse possivel convencer Deus da virtude e perfeição que efectivamente não temos! Deus não se deixa impressionar pelas aparências… ele olha e conhece o mais profundo de cada coração!

2. O publicano em contraste com o fariseu reza com discrição e humildade, não faz barulho nem dá nas vistas. As suas palavras e o gesto de bater no peito exprimem a sinceridade dos seus sentimentos. Mostra que se conhece bem e não pretende iludir-se, muito menos enganar a Deus. Reconhece e confessa que é pecador. Sabe que só Deus pode perdoar as suas faltas. Por isso, dirige-se a Ele, manifestando-lhe o seu arrependimento e implorando perdão: “Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador!”
3. O publicano vai ao templo para orar, porque sente necessidade de Deus, do seu amor e da sua compaixão. Deus acolhe a oração deste homem porque a faz com sinceridade, verdade e humildade. Na verdade o publicano pertence ao grupo dos pobres em espírito que Jesus proclama felizes e dos quais é o reino de Deus.

4. Se examinamos atentamente a nossa vida, os nossos pensamentos e sentimentos, as nossas palavras e acções, as nossas atitudes e relações humanas, verificamos que temos mais em comum com o fariseu do que com o publicano:

a. Com muita dificuldade conseguimos ver em nós algum defeito ou reconhecer algum pecado. Pelo contrário, com maior facilidade e ligeireza, apontamos os defeitos e acusamos os pecados dos outros.
b. Em certas ocasiões, também fazemos o nosso próprio elogio e se calhar até nos apresentamos como cristãos exemplares e perfeitos. É isso que as pessoas fazem quando dizem: “não mato, não roubo, não faço más acções… vou à missa ao domingo, faço as minhas orações, dou as minhas esmolas…”
c. E o que acontece em relação ao próximo? Amamos aqueles que não nos caiem bem? Não basta apenas não fazer mal é preciso fazer bem e muito…sempre!
d. No que se refere à oração também muitas vezes somos como o fariseu. Também nós falamos muito e escutamos pouco. Temos medo do silêncio interior, não deixando que Deus faça ouvir a sua voz e faça sentir a sua acção na nossa vida e no nosso coração.

Deus não se deixa ir em cantigas, não se deixa cativar por meras palavras… por mais belas que sejam. Deus não se deixa impressionar pelas aparências. Por mais hábil que alguém seja na arte de iludir, não consegue enganar a Deus!

Por isso, para quem quer e procura a salvação de Deus, só lhe resta o caminho da humildade e da sinceridade, da verdade e do amor, do arrependimento e do perdão. Quem vive deste modo, passará, muito provavelmente despercebido aos olhos dos homens, mas conseguirá a aprovação e a recompensa de Deus.

5. Este fim de semana celebramos o 84º dia missionário mundial sob o lema “ a construção da comunhão eclesial é a chave da missão

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