
Com alegria profunda comunico que fui ordenado Diácono na Sé Catedral da Guarda no mês de Abril.
Partilho com todos os leitores uma entrevista que concedi ao jornal "Manhã Radiosa" - orgão de informação do Seminário Menor do Fundão.
Manhã Radiosa: - Relativamente há pouco tempo foi ordenado Diácono… Em que dia foi e o que sentiu nesse momento?
Diácono António: - Fui ordenado Diácono no passado dia 17 de Abril, o IV domingo do Tempo Pascal, na Sé da Guarda, pelo Bispo Coadjutor da nossa Diocese, D. Manuel da Rocha Felício.
O que senti é difícil definir! Sem dúvida alguma senti alguns nervos mas essencialmente senti uma profunda alegria interior pelo passo que dei e pelo carinho daqueles que quiseram acompanhar-me neste dia pessoalmente especial.
M. R. - Quais foram os motivos que o levaram a dar este passo?
D. A. - A motivação é também difícil de definir. Acredito que este passo em ordem ao sacerdócio que decidi dar é mais um passo em ordem à fidelidade à vocação que sinto em ser chamado por Jesus, a desempenhar. –“Jesus eu quero o que Tu queres!”
M.R. – Quais são os seus direitos e deveres como Diácono?
D.A. – Preferia não chamar direitos ou deveres, antes responsabilidades! Como Diácono sou chamado a “servir” o povo de Deus onde o Pastor Diocesano achar por bem.
Com este novo estado tenho maiores responsabilidades a nível pessoal na oração, no anúncio da Palavra e na coerência de vida com a fé que tenho. Sou chamado a responsabilizar-me ainda mais com a Pastoral e o anúncio do Evangelho!
M.R. – Pretende provavelmente ser sacerdote… partilhe connosco o que pensa acerca da vida sacerdotal ou, por outras palavras, defina um bom sacerdote?
D.A. – Não faria sentido assumir este tipo de diaconado se não pretendesse ser sacerdote.
Definir um bom sacerdote? Não consigo definir melhor que Jesus. Um bom sacerdote terá de ser um “bom pastor”, um pastor dedicado a todos e a cada um dos que lhe estão confiados.
Um bom sacerdote é aquele que reza por si; reza com e pelos outros! Um bom sacerdote é aquele que serve porque ama… confia porque acredita em Jesus e sabe que sozinho é apenas um detalhe da criação… com Jesus consegue fazer a diferença! Um bom sacerdote sabe não faz mais que semear; é aquele que administra aquilo que Deus dá!
M.R. – Sabemos que antes de tomar parte na equipa formadora, estagiou nalgumas paróquias… fale-nos dessa experiência.
D.A. – Desde muito cedo o meu pároco me proporcionou experiências pastorais na minha região natal, Celorico da Beira, experiências estas que muito me ajudaram a entrar em contacto com as exigências pastorais.
Nos anos finais de seminário estive, aos fins-de-semana, durante dois anos na raia (Sabugal) com a comunidade de Aldeia Velha e durante o ano passado colaborei com o Pe. Fernando Nunes nas diversas paróquias que lhe estão confiadas. De todas as experiências guardo saudade, diria mesmo uma certa nostalgia e agradeço a Deus a felicidade de mas haver proporcionado… foram experiências pastorais breves mas fundamentais e pessoalmente importantes!
M.R. – Estando actualmente no Seminário, o que é que ele representa para si?
D.A. – O Seminário terá de ser para mim o sitio onde me realizo e onde respondo à vontade de Deus para mim. Acredito que o Seminário seja o sitio onde Deus agora me quer; o Seminário terá de ser o sitio onde sou enviado para amar e servir, anunciar Jesus e ser feliz!
M.R. – De que gosta mais: trabalhar nas paróquias ou no Seminário?
D.A. – É uma pergunta difícil! Comparar a vida de pároco à vida de seminário daria para escrever uma tese.
A minha experiência ainda é muito curta: no seminário como membro da equipa educadora estou à menos de um ano e da vida paroquial pouco posso dizer porque ainda não tive responsabilidades sérias. É difícil por isso comparar.
Penso, no entanto, que a vida paroquial, apesar de exigente, poderá talvez proporcionar um maior “feedback” por parte das pessoas em relação ao nosso trabalho! A vida de seminário exige uma disponibilidade total e tem normalmente um “feedback” muito menor.
Eu prefiro trabalhar onde estou! Se não pensar assim…jamais serei feliz… jamais anunciarei Jesus.
M.R. – O que pensa dos seus colegas da equipa? E de nós seminaristas?
D.A. – Esta respondo de forma telegráfica.
Em relação aos colegas da equipa tenho a dizer que é difícil encontrar melhor em união, solidariedade e verdadeiro companheirismo… isto não é dar graxa a ninguém é ser justo e fiel à verdade. O meu desejo é que este espírito que entre nós vivemos transpareça para vós e vos ajude!
Em relação aos seminaristas posso comentar que, no inicio do ano, vinha com muitas reservas, no entanto, agora no final do ano, posso afirmar que se tornaram, para mim, numa agradável surpresa! E mais não digo…
M.R. – Se um dia fosse bispo ou mesmo papa, mudaria alguma coisa na Igreja?
D.A. – Como confio no Espírito Santo e como, melhor que ninguém, me conheço sei que isso jamais sucederá! Mais que mudar coisas na Igreja acho que o mais importante seria dar a conhecer e procurar explicar de forma vivencial aquilo em que a Igreja acredita e faz fé!
M.R. – Deixe uma mensagem aos seus amigos seminaristas.
D.A. – Amigos jamais desistais de procurar ser felizes! Esforçai-vos por merecerdes o amor de Jesus e confiai n’Ele que é o único que responde às inquietações mais profundas do homem!
Crescei sem pressas…aproveitai ao máximo as condições que a sociedade, a família e o Seminário vos oferece!