26/07/05

A morte e a fé...


Hoje fui fazer o meu primeiro funeral... Escrevi estas palavras...

Estamos hoje aqui…reunidos por Jesus Cristo para celebrar este momento humano mais triste… Viemos prestar uma homenagem a… que tendo terminado a sua peregrinação terrena partiu agora para junto do nosso Deus e nosso Pai.
As sociedades ditas de modernas parece que conseguiram desmistificar tudo… Na cultura actual tudo parece ter uma resposta e uma solução. Parece que nada incomoda ou interpela as pessoas das sociedades mais evoluídas.
Apenas a morte permanece como ultimo tabu, como realidade que falta desmistificar. Apenas perante a morte o homem actual se sente intimidado, assustado e sem qualquer resposta!
A morte é uma evidencia… não interessa negar, tentar fugir ou fechar os olhos! A verdade é que a morte a todos afecta de forma indirecta (quando nos morre algum ente querido) e de forma directa quando também nós terminarmos a nossa existência física e terrena.
A morte é então uma realidade da existência! Não importa tentar silenciar esta realidade é preciso assumir que não temos uma existência terrena eterna. É preciso assumir que o homem não tem uma existência eterna na terra… é preciso assumir que o homem pode controlar muita coisa mas não pode recusar-se a morrer!
Perante esta certeza, da perenidade da vida, importa olhar de frente para as interpelações que a morte nos levanta! Por mais que neguemos a perenidade da vida, por mais que tentemos esquecer que um dia morremos…o que é verdade é que de morrer ninguém se livra.
Resta então procurar enquadrar este momento da existência na nossa existência pessoal. Há duas alternativas:
A primeira alternativa é ver a morte como o fim da vida! Morremos e acabou tudo…morremos termina a vida para sempre! Acabaram-se os sonhos terminou a existência humana de uma vez por todas!
Esta atitude marcadamente ateísta e naturalista conduz o homem ao desespero, à tristeza a um vazio existencial, a um sem sentido da vida! Tantas filosofias procuraram defender esta tese da morte como ponto final da existência… Para nós que temos fé esta primeira alternativa de ver a morte como simples fim da vida não nos preenche o coração e não nos ajuda a sermos felizes!
A segunda alternativa é ver a morte como mais um momento da vida! Por isso estamos aqui… Por isso viemos a esta Igreja! Viemos homenagear este irmão que morreu mas principalmente viemos pedir para ele a Vida eterna junto de Deus na comunhão com os santos.
Deus tudo criou… tudo o que temos e somos é dom da sua generosidade! A vida é dom de Deus… a existência é dom do amor de Deus! A morte é então um momento da vida…é o momento da mudança de nível de vida! Do peregrinar terreno passamos a à comunhão mais plena com Deus… Não morremos…passamos a viver de outra forma. Quem acredita em Jesus, quem faz fé na sua Palavra, na sua mensagem sabe que apesar da saudade humana nos poder sufocar o coração e nos fazer desflorar lágrimas àquele que morre nós não dizemos adeus…dizemos um até breve junto de Deus.
Com esta certeza de que a morte não é o ponto final na existência faz mais sentido viver na verdade este peregrinar humano. Deus, nosso Pai criador, é misericordioso e julgar-nos-á no final da jornada humana pelo amor!
Que Deus, na sua divina misericórdia, se digne levar para junto de si este irmão que hoje deixou o nosso convívio… que um dia todos juntos no seu reino eterno nos possamos alegrar de novo… e juntos possamos louvar a Deus pelo seu amor infinito!

6 comentários:

Anónimo disse...

É tocarlos...esse foi uma bela conversa com todos os presentes nesse funeral...mas o que faltou dizer, é que lá...do outro lado da ponte,lá... teremos que saber onde é que nos encontramos e o que andámos a fazer por cá...pois não é lá chegar e ir para junto do Pai!!! até lá chegarmos...teremos de calcurriar muitas milhas de vidas e trabalho positivo...fazer muitas jornadas na casa de nosso Pai...até que consigamos adquirir as assas...com que iremos à presença do NOSSO PAI ETERNO!!!
Até lá muitas vezes teremos que regressar e voltar e passar a ponte que divide estes nossos mundos...o material e o espiritual!!!
Um abraço fraterno meu amigo!!!

Anónimo disse...

Foi um início muito bonito. Gostei muito da forma simples e serena como explicaste a vida do espírito nos caminhos de Deus! Parabéns! Concerteza o teu discurso consolou os presentes pela perda física do seu amado e projectou esse sentimento de continuação da vida em que acreditamos, o que constituiu o momento alto da fé!

Pe.T.C. disse...

Obrigado pela vossa partilha!

Unknown disse...

cabocla, vou só fazer um pequeno comentário àquilo que disseste, pois discordo. Espero que não te importes.

a ideia da reencarnação e do karma ("teremos de calcurriar muitas milhas de vidas e trabalho positivo...") não é uma compatível com a fé cristã.

O budismo e hinduísmo defendem que atingimos o nirvana ou nos fundimos com Brahma pelo nosso esforço pessoal, purgando o karma negativo através de múltiplas existências. Para essas religiões, nem faz sentido ajudar o próximo que está em sofrimento, porque esse sofrimento resulta do mau karma e tem de ser vivido. Os únicos que podem ajudar são os "bodisatvas" iluminados, pessoas que já reencarnaram muitas vezes e estão perto da perfeição. Para os hindus, Jesus e Madre Teresa de Calcutá, por exemplo, não passam de bodisatvas. Não digo isto sem conhecimento de causa, pois o meu professor de Filosofia da Religião na faculdade era budista e cheguei a fazer um curso de introdução ao Budismo na União Budista Portuguesa.

Os ensinamentos de Jesus não têm nada a ver com isto. A fé cristã diz-nos que chegamos ao céu unicamente através da fé em Jesus Cristo. Ele é que pagou pelos nossos pecados na cruz, por isso não temos de viver múltiplas existências para chegarmos até Deus. E faz sentido ajudar o próximo e praticar boas obras, pois a mensagem do Evangelho vem de mãos dadas com actos de amor que todos podemos e devemos praticar.

O texto que citaste também não indica nada em relação à reencarnação. Em primeiro lugar, tem de ser inserido no seu contexto:

"Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede, também, em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós, também". João 14, 1-3

Jesus estava aqui a dizer aos seus discípulos que eles iriam para o céu com Ele, e que havia lugar para cada um, daí a expressão "muitas moradas".

Devemos dialogar com as outras religiões, mas não "misturá-las". Isso seria ir contra a essência de cada uma.

Unknown disse...

Ah. só uma coisa. Falei da passagem bíblica João 14, 1-3 porque a tua frase "fazer muitas jornadas na casa de nosso Pai" me pareceu inspirada aí.

Anónimo disse...

Olha Catarina, não fico minimamente magoada com o que disseste, pois resumindo tudo vai dar ao mesmo. Realmente eu acredito, que teremos de vir cá várias vezes para aprendizado...No antigo testamento também os profetas o disseram,Jesus, também o disse, afirmando, são muitas as moradas na casa de meu PAI...essas moradas podem ser cá ou noutros mundos...todos eles habitados!!!não sei se estou ou não errada...amo a DEUS sobre todos e todas as coisas... amo o SENHOR JESUS do fundo do coração, amo NOSSA MÃE MARIA SANTISSIMA, por isso nada me deixa a pensar que não estou a seguir a doutrina do CRISTO, que veio até este Planeta, para nos dar a indicação do caminho para a LUZ DIVINA, pois é essa a vontade que todos os que crêem têm...SEGUIR A LUZ, por isso minha querida Catarina...todos os caminhos do coração...vão ter ao Nosso Pai...por intermedio de Jesus, ou...de qualquer ser de LUZ que nos indique sempre o caminho da ILUMINAÇÃO, não é? deixemos portanto os preconceitos de lado.Possamos chamar o que nós acharmos melhor, aos enviados de Deus, a todos os Homens e Mulheres de bos vontade e espirito Cristico, que por cá caminharam...caminham e continuarão a caminhar, não é minha irmã em CRISTO?
Um abraço fraterno, da que te chama
irmã do coração,
cabocla