Hoje celebramos na Igreja a festa Sagrada Família.
Somos desafiados a olhar para a família de Nazaré e encontrar nela um modelo de amor e entrega/confiança em Deus.
Hoje não vou abordar este tema porque trago um sermão de encomenda.
Não gosto, nem acho correcto, servir-se um padre da homilia para dar recados ou para fazer juízos de valor… a homilia serve para explicitar/actualizar a Palavra de Deus e não deverá ser nunca um espaço para intervenções marcadamente de cariz político.
Hoje tem de ser… a pedido do nosso bispo diocesano nas homilias de hoje em toda a diocese o tema é o IVG… sim é IVG que se diz… é menos violento dizer IVG que dizer aborto!
Prometo também não voltar a abordar este assunto… prometo mesmo em circuitos mais reservados… mas hoje… porque me foi pedido e porque considero mesmo necessário tenho de abordar este assunto.
Não leveis estas minhas palavras como uma intervenção politica; não pretendo faze-lo… nem devo ter muito jeito para esse tipo de intervenções…gostaria antes que estas minhas considerações fossem um esclarecimento de consciências… gostaria que se soltasse a “voz da verdade” que tantos fazem por calar e esconder.
Como ponto de partida gostava de pedir a todos os que se dizem cristão que, perante este tema do aborto todos procedessem sempre com serenidade e respeito mas, sem faltar nunca à verdade!
A posição da Igreja neste tema é clara! Não ao aborto voluntário…
Acusam a Igreja de ser retrógrada… procuram fazer-nos pensar que a evolução e o progresso irão permitir o aborto voluntário!
Antes fosse uma posição retrógrada… mas não é… retrógrado é não respeitar a vida dos outros! Retrógrado é condenar à morte em julgamento sumário e sem direito a apelo nem defesa quem nem sequer pediu para ser concebido.
Somos contra o aborto voluntário! E diremos não, quando nos perguntarem, por cinco razões:
1º O ser humano esta todo presente desde o inicio da vida…mesmo quando é simples embrião (certeza moral e cientifica). Existe vida… e vida humana desde a concepção desde o início. Entendemos que a defesa da vida humana é um princípio civilizacional basilar (essencial). Opomo-nos a tudo o que possa significar o direito de alguém atentar contra a vida de outrem… violação do 5 mandamento “não matarás!”
2º Sabemos que, logo a partir da concepção, estão reunidas todas as condições para o desenvolvimento vital de uma pessoa, que se prolongará desde esse momento até à sua morte natural. Não reconhecemos, portanto, que possa existir legitimidade numa intervenção que vise interromper este processo. O aborto não é então nunca uma questão politica é uma questão moral e de direitos fundamentais… direito à vida.
3º Todo o ser humano tem direitos… Os direitos da mulher (mãe) e homem (pai), que reconhecemos e valorizamos, não incluem o direito de dispôr da vida do ser humano gerado. O sentido humano incita e capacita a mulher/mãe a defender e proteger a vida… tudo o resto é contrário às leis de humanização.
4º Estas convicções não nos impedem de compreender a complexidade do papel da mulher e o seu sofrimento, bem como algumas situações limite que devem ser encaradas com verdadeira humanidade. Desta humanidade devem derivar, em meu entender, dois princípios orientadores:a) A mulher não deve ser penalizada quando o aborto é feito em situação de extrema necessidade... produto de pressões e inúmeras e incalculáveis dificuldades. Isto supõe a despenalização, mas não a descriminalização (conceitos jurídicos diferentes).
Defendemos, portanto, que o aborto possa ser encarado como "crime sem pena". Isto não quer dizer que quem promove e executa em segredo esta violência extrema não deve ser julgado…b) As situações limite (talvez a grande confusão talvez a maior mentira que anda espalhada por ai!) - malformação do feto, risco de vida para a mãe e violação - já são contempladas na actual legislação, pelo que não necessitam nova cobertura legal. (que na minha modesta opinião já é exagerada… será que alguém a conhece? Será que alguém fala da lei que já temos? Sim ela existe desde 1984 e contempla todos os casos e prevê prazos suficientemente largos para essas situações limite.
Gastem o nosso dinheiro na construção de casas de acolhimento… apoiem as famílias com muitos filhos mas não gastem o nosso dinheiro com clínicas privadas só para satisfazer os caprichos de tantos que querem fazer do aborto um método contraceptivo… Até as 10 semanas cada um faz o que quer…
O aborto não pode ser nunca um método contraceptivo… nunca!!!Querem promover uma liberalização institucionalizada… o aborto passa a ser um direito cívico… uma cirurgia prioritária…
uns a morrer à espera de cirurgia outros a passar à frente para matar! (politicas! É melhor terminar…)
Por isso dia 11 votamos não… e mesmo ganhando o sim nós sempre saberemos que a lei que daí possa sair é uma lei imoral e pior ainda nada humana.
Esta é a verdade… a verdade toda… Sei que
dizer isto aqui na Igreja é desnecessário…
quem diz que ama a Deus e rejeita a vida nascente… tem muito pouco de humano e absolutamente nada de cristão.