02/01/07

Algumas verdades...

Hoje celebramos na Igreja a festa Sagrada Família.
Somos desafiados a olhar para a família de Nazaré e encontrar nela um modelo de amor e entrega/confiança em Deus.
Hoje não vou abordar este tema porque trago um sermão de encomenda.
Não gosto, nem acho correcto, servir-se um padre da homilia para dar recados ou para fazer juízos de valor… a homilia serve para explicitar/actualizar a Palavra de Deus e não deverá ser nunca um espaço para intervenções marcadamente de cariz político.
Hoje tem de ser… a pedido do nosso bispo diocesano nas homilias de hoje em toda a diocese o tema é o IVG… sim é IVG que se diz… é menos violento dizer IVG que dizer aborto!
Prometo também não voltar a abordar este assunto… prometo mesmo em circuitos mais reservados… mas hoje… porque me foi pedido e porque considero mesmo necessário tenho de abordar este assunto.
Não leveis estas minhas palavras como uma intervenção politica; não pretendo faze-lo… nem devo ter muito jeito para esse tipo de intervenções…gostaria antes que estas minhas considerações fossem um esclarecimento de consciências… gostaria que se soltasse a “voz da verdade” que tantos fazem por calar e esconder.
Como ponto de partida gostava de pedir a todos os que se dizem cristão que, perante este tema do aborto todos procedessem sempre com serenidade e respeito mas, sem faltar nunca à verdade!
A posição da Igreja neste tema é clara! Não ao aborto voluntário…
Acusam a Igreja de ser retrógrada… procuram fazer-nos pensar que a evolução e o progresso irão permitir o aborto voluntário!
Antes fosse uma posição retrógrada… mas não é… retrógrado é não respeitar a vida dos outros! Retrógrado é condenar à morte em julgamento sumário e sem direito a apelo nem defesa quem nem sequer pediu para ser concebido.
Somos contra o aborto voluntário! E diremos não, quando nos perguntarem, por cinco razões:
1º O ser humano esta todo presente desde o inicio da vida…mesmo quando é simples embrião (certeza moral e cientifica). Existe vida… e vida humana desde a concepção desde o início. Entendemos que a defesa da vida humana é um princípio civilizacional basilar (essencial). Opomo-nos a tudo o que possa significar o direito de alguém atentar contra a vida de outrem… violação do 5 mandamento “não matarás!”
2º Sabemos que, logo a partir da concepção, estão reunidas todas as condições para o desenvolvimento vital de uma pessoa, que se prolongará desde esse momento até à sua morte natural. Não reconhecemos, portanto, que possa existir legitimidade numa intervenção que vise interromper este processo. O aborto não é então nunca uma questão politica é uma questão moral e de direitos fundamentais… direito à vida.
3º Todo o ser humano tem direitos… Os direitos da mulher (mãe) e homem (pai), que reconhecemos e valorizamos, não incluem o direito de dispôr da vida do ser humano gerado. O sentido humano incita e capacita a mulher/mãe a defender e proteger a vida… tudo o resto é contrário às leis de humanização.
4º Estas convicções não nos impedem de compreender a complexidade do papel da mulher e o seu sofrimento, bem como algumas situações limite que devem ser encaradas com verdadeira humanidade. Desta humanidade devem derivar, em meu entender, dois princípios orientadores:a) A mulher não deve ser penalizada quando o aborto é feito em situação de extrema necessidade... produto de pressões e inúmeras e incalculáveis dificuldades. Isto supõe a despenalização, mas não a descriminalização (conceitos jurídicos diferentes).
Defendemos, portanto, que o aborto possa ser encarado como "crime sem pena". Isto não quer dizer que quem promove e executa em segredo esta violência extrema não deve ser julgado…b) As situações limite (talvez a grande confusão talvez a maior mentira que anda espalhada por ai!) - malformação do feto, risco de vida para a mãe e violação - já são contempladas na actual legislação, pelo que não necessitam nova cobertura legal. (que na minha modesta opinião já é exagerada… será que alguém a conhece? Será que alguém fala da lei que já temos? Sim ela existe desde 1984 e contempla todos os casos e prevê prazos suficientemente largos para essas situações limite.

Gastem o nosso dinheiro na construção de casas de acolhimento… apoiem as famílias com muitos filhos mas não gastem o nosso dinheiro com clínicas privadas só para satisfazer os caprichos de tantos que querem fazer do aborto um método contraceptivo… Até as 10 semanas cada um faz o que quer…
O aborto não pode ser nunca um método contraceptivo… nunca!!!
Querem promover uma liberalização institucionalizada… o aborto passa a ser um direito cívico… uma cirurgia prioritária… uns a morrer à espera de cirurgia outros a passar à frente para matar! (politicas! É melhor terminar…)
Por isso dia 11 votamos não… e mesmo ganhando o sim nós sempre saberemos que a lei que daí possa sair é uma lei imoral e pior ainda nada humana.
Esta é a verdade… a verdade toda… Sei que dizer isto aqui na Igreja é desnecessárioquem diz que ama a Deus e rejeita a vida nascente… tem muito pouco de humano e absolutamente nada de cristão.

8 comentários:

Anónimo disse...

Quando está em causa a Vida, nunca é exagerado falar do assunto. Não é importante nem nos deve incomodar se alguns gostam ou não. Não desista de defender a vida como algo de sagrado e inviolável. Se o homem enquanto homem já tem motivos mais do que suficientes para defender os mais fracos e desprotegidos (Declaração Universal dos Direitos dos Homem) quanto mais nós que temos Jesus Cristo como Guia.
O padre não é apenas alguém que se refugia na sacristia e tem medo de dar a sua opinião correndo o risco de alguém não gostar...
Um colega no sacerdócio.

Anónimo disse...

excelente meu amigo:) bem vindas as tuas palavras a 2007!beijito

Anónimo disse...

Completamente de acordo, mas até dia 11 é preciso continuar, e dizer, e falar e incentivar as pessoas a irem votar.
Que não seja pela falta do voto de um Católico, que o sim ganhe o referendo.
Abraço em Cristo

Pe.T.C. disse...

Claro que sim caro amigo. Só já estou farto do tema e como não quero ser politico-papagaio...por aqui me fico.
Quem tiver ouvidos ouça... quem tiver coraçao...pense!

Anónimo disse...

Lamento, mas a primeira premissa está errada, do ponto de vista científico. A questão ontológica do ser humano (ou seja, as características que conferem a um ser o estatuto de 'ser humano) ainda se encontra em debate, e procura-se estabelecer um critério objectivo a partir do qual se poderá classificar vida enquanto humana.

Talvez a primeira premissa não esteja errada a partir do ponto de vista da religião que professa e da qual é sacerdote. Tal principio moral não confere, no entanto, qualquer autoridade ou universalidade, ou sequer validade, à conclusão que retira a partir de premissas duvidosas. E as falácias mais à frente não ajudam à decisão de quem mantiver pensamento crítico.

Não faço campanha por qualquer posição. Advogo a análise objectiva e imparcial de ambas as posições, construíndo a partir daí a posição que se vier a tomar.

Peço desculpa pela invasão do blog. Não quero ser desrespeitoso, principalmente quando mantém uma 'política' de 'silêncio' face à questão do aborto. E concordo plenamente quando afirma que a instituição que serve está em "falta" quando envia recados de cariz político.

Saudações!

Pe.T.C. disse...

Caro flávio.
Prometi nao discutir mais este assunto... Já passa o limite do razoavel.
Partimos de concepçoes de vida bastante diferentes... não há discussão possivel.

Anónimo disse...

Amigo Tó Carlos não te esqueças que a defesa da vida não tem nada a ver com politica. É uma das questões centrais do cristianismo. Ficar calado nesta questão ou sentir-se incomodado em abordar esta questão é algo que não compreendo...
Se não pudermos falar abertamente desta questão do que é que podemos falar...?!!!
Um colega.

Pe.T.C. disse...

Falo abertamente caro colega... mas convenhamos que o tema esta mais que esgotado... e já acho que comeca a ser "chover no molhado"!.