08/03/07

40 Dias... 40 Pensamentos! Quarta, 7 de Março

Não resisto a partilhar este artigo sobre o Seminário Menor e a sua necessidade actual. Este texto é de um antigo professor a quem muito prezo e com quem imenso aprendi.

“Se o mundo muda e se o Seminário está no mundo, porque é que o Seminário não há-de mudar?
Verdade seja dita que mudanças são coisa que não tem faltado ao Seminário nos últimos decénios. Resta saber se elas correspondem, ou não, às mudanças do mundo e, sobretudo, ao que Deus espera de nós no âmbito delas.
Habitualmente, somos críticos para com as tradições e acríticos para com as mudanças. Como que por instinto, acolhemos bem estas (mesmo que não sejam totalmente positivas) e tratamos mal aquelas (mesmo que não sejam completamente negativas).
A Igreja, na sua bimilenária sapiência, ostenta uma profunda ligação entre tradição e mudança. Ao contrário do que se pensa (do que se escreve e do que se diz), a Igreja, ao longo da sua tradição, nunca enjeitou a mudança. Diria mesmo mais: a tradição é uma tradição de permanente mudança.
Na sua trajectória pelos caminhos do tempo, a Igreja é sempre a mesma e, sendo sempre a mesma, está sempre em mudança. Ela está permanentemente em estado de reforma. O Concílio Vaticano II fala mesmo de «reforma perene».
Esta vontade de reforma, como decorre aliás do próprio étimo, consiste numa vontade de voltar a dar forma: no caso, de dar constantemente à Igreja a forma de Cristo, sua cabeça.
Não pensemos, pois, que o impulso de mudança é de agora ou das últimas décadas. Não somos a primeira geração de inquietos. Precederam-nos séculos inteiros de pessoas apaixonadas pelo maior fermento de mudança: o Evangelho.
É por isso que, quando pretendemos prescindir de algum dinamismo testado pela história, deveríamos perguntar: porque é vamos pôr isto ou aquilo de lado?; se resultou até agora, porque é que não há-de resultar a partir de agora?; seremos nós mais inteligentes do que toda uma legião de sábios e santos que nos precedeu?
Não digo que devamos estacionar no já dito e parar no já feito. Mas também não proponho que percamos de vista o que já provou funcionar.
Penso, por exemplo, no Seminário Menor. É uma instituição da maior importância, cujo vigor tem sido amplamente demonstrado e cuja vitalidade tem ainda muito para dar.
É sabido como, por motivos vários e circunstâncias múltiplas, o Seminário Menor foi praticamente esvaziado em muitos lados. Por falta de candidatos, entendeu-se fazer um acompanhamento nos locais de proveniência em ordem à entrada no Seminário Maior.
Poderá ser necessário, mas parece-me insuficiente. Se, outrora, o Seminário Menor era preciso, hoje parece-me ainda mais indispensável. Quando acreditamos que Jesus passa pela vida de alguém e lança o chamamento, é nosso dever articular formas de resposta que proporcionem o devido discernimento.
Se, em tempos passados, o ambiente familiar e paroquial era considerado insuficiente para modelar a personalidade com vista ao sacerdócio ministerial, hoje essa sensação de insuficiência é muito mais acentuada.
Daí o carácter imprescindível de uma instituição de acolhimento e de enquadramento dos possíveis primeiros gérmenes da vocação. As idades em que tais gérmenes aparecem são, hoje em dia, muito diversas.
Nem isso dispensa, contudo, o dever de dar uma resposta a todos quantos se disponibilizam a seguir o Senhor Jesus.
Não são só os que estudam Teologia que necessitam de Seminário. Os que estão ainda em níveis de ensino anterior têm uma necessidade igual ou até maior.
A crise de vocações pode consistir também numa crise de resposta. Porque o Chamante nunca falha…”


Fonte: http://padrejoaoantonio.blogs.sapo.pt/2007/02/

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