04/02/07

Como acolher?

Querem… melhor exigem!
Falam… quase sempre mal… mesmo quando bem acolhidos!
Nada de compromissos
Bem…só em relação às suas vontades!
Só eles é que sabem;
Só eles é que pensam;
São eles o progresso!…
O pior é que… Querem as regalias e tradições do passado!


Acredito que cada vez mais a Igreja será constituída por um “resto”… por pessoas que amam e confiam… se comprometem, contra tudo e todos, mostrando assim que só seguindo Jesus encontramos o segredo para ser feliz.
Sonho com essa Igreja!

20 comentários:

Anónimo disse...

«...só seguindo Jesus encontramos o segredo para ser feliz.»

- E porque não; Deus?!

José.

Anónimo disse...

«...só seguindo Jesus encontramos o segredo para ser feliz.»

- E porque não; Deus?!

José.

Pe.T.C. disse...

Falamos do mesmo amigo!

Maria João disse...

Concordo. Acho que seremos cada vez mais uma minoria a seguir o que realmente DEus nos pede: Amor, Misericórdia, Perdão.

Não é fácil, mas Jesus está connsoco até ao fim dos tempos, não é verdade?

Anónimo disse...

“pena que nós Homens não consigamos ver para além daquilo que o olhos vêem”
Acho que esta frase é de S. Pedro

Podemos não conseguir ver mas conseguimos SENTIR….


Vamos pensar…
Não curioso como acreditamos nos jornais, mas questionamos a Bíblia ?
Não é curioso como todo mundo quer ser salvo desde que não tenha que acreditar, dizer ou fazer nada ?

Anónimo disse...

Padre Tó, lamento mas não concordo, uma coisa é o Pai, outra bem diferente é o Filho.

Anónimo disse...

Uno e Trino...

Anónimo disse...

«Vamos pensar…
Não curioso como acreditamos nos jornais, mas questionamos a Bíblia ?»

- É simples; os jornais são fruto da nessecidade de informação, a Biblia da de manipulação para a subjugação.

- O primeiro saíu da razão, a segunda da Superstição.

- E quer voçê queira ou não; quando tiver um enfarte de Miocárdio, o INEM levá-lo-á para um serviço de urgência e não para a Sacristia mais próxima da sua residência.

- Anónimo, acorde homem! a idade das trevas já passou e a da razão já chegou...felizmente para bem da humanidade!

Filomena Silva

Anónimo disse...

«Uno e Trino... »?????



"Eu sou o Senhor... Não terás outros deuses diante de Mim" (Êxodo 20:2-3)
"Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele" (1 Coríntios 8:6)
"Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai [...] Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem." (João 4:21, 23)

- Confesso que nunca percebi esta tentativa de substituição do Pai pelo Filho!!

José

Anónimo disse...

"Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar."

Lc.10, 21

Anónimo disse...

O apóstolo Paulo escreveu que "no céu e na terra há alguns que se chamam deuses" (1 Coríntios 8:5), declarando que, todavia para nós há um só Deus, o Pai." (1 Coríntios 8:6). Noutra carta, Paulo define Deus como:

"Aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra, poder sempiterno. Amem." (Timóteo 6:16)

- Sim sim...podiamos estar aqui até amanhã!

A biblia é pródiga... por isso as seitas cristãs pululam por todos os cantos.

Eusébios (considerado o maior falsário da história) era habilidoso!...Tertuliano não lhe ficava atrás!!
Constantino...óh Constantino! como te estamos gratos!!!

Dogma? « gato escondido com rabo de fora!!»
José

Anónimo disse...

Eu acho que tem razão... e sinto... que só seguindo Jesus, nos encontramos... nos realizamos... no sentimos felizes.
Só Sentido-O no nosso coração, é que conseguimos perceber... a nossa missão... a nossa vocação, e da fazer da nossa Vida, uma Vida digna...
Só quem Sente o seu amor e quem O Ama, entende... há tanta coisa para os quais os Homens fecham os olhos...egoismo..."perdo-ai-Lhes, eles não sabes o que fazem..."
Eu Sinto Jesus... Eu Creio eu Jesus... Eu sigo (bem ou mal... mas sigo) Jesus... não preciso de O ver para o Sentir e Acreditar... mas eu não sou nada... sou apenas eu.
Srº Padre... é este o meu sonho... é este o meu sonho de IGREJA.

Caminhante disse...

Concordo, só em Cristo encontramos a perfeição, Ele é o caminho e a vida. Abraço

Anónimo disse...

Inquietações:

Se a vida é eterna, se somos eternos e engendrados amorosamente em Deus desde toda a eternidade, porquê esta obsessão que os humanos têm apenas com a vida terrena (aquela que começa na concepção e termina na morte)?

Porque não aprofundamos mesmo a questão e, uma vez que existimos desde toda a eternidade, isto é, antes da concepção e para além da morte, não pomos a hipótese de talvez, sim talvez, nem sempre seja bom ser concebido em determinadas circuntâncias?

E se a entidade que já somos antes, estiver sujeita a este condicionalismo fisiológico da concepção, independentemente da sua vontade?

Se já é uma Vida , porque o condenamos sempre a uma existência terrena seja ela favorável ou não?
E se essa vida/alma tiver outras oportunidades de se vestir com um outro corpo humano, em outro momento de concepção impregnado de amor, (sim, porque acredito que esta é apenas uma vestimenta para a minha alma)?


Sendo assim, pode ou não pode ser um acto de amor, interromper uma gravidez? E pelo contrário, prossegui-la um erro grosseiro e egoísta, uma irresponsabilidade?

E já agora, este apego desmedido à vida e o apego que impomos a todas as mães para terem os filhos quer ela queira quer não, não será apenas um vício?

Um vício que se manifesta em tantas coisas, (por exemplo em ter filhos para cuidarem de nós na velhice e em todos os os actos de egoísmo tantas vezes disfarçados de abnegação), mas que se manifesta principalmente nesta absoluta doentia relação com a morte que as sociedades cultivam.

Acredito que Deus é Amor. E sinceramente acho que na infinitude Dele e da Vida, não dará assim tanta importância a esta ideia tão limitada da concepção que fazemos da vida apenas terrena.
"Deus dá a Vida, só Deus a pode tirar" Exactamente : tirar a vida, podemos dizer que nos tira a vida (terrena) a todos, não obstante, não deixa de nos amar ! Muito pelo contrário (acho eu)É o nosso assassino amoroso por excelência! Se a vida terrena fosse assim tão intocável, Ele, que é de uma Sabedoria e Amor infinitos... tirá-la-ia logo a todos, sem excepção?

Tenho pensado mesmo muito sobre o que Cristo faria neste referendo. Por todas estas razões, custa-me a crer que ele impusesse uma continuação de gravidez a qualquer mulher que o não desejasse profundamente.

Mas isto sou eu... talvez errada, como todos podemos estar errados e só um dia no seio de Deus teremos a resposta. Sendo assim, porquê impor as nossas ideias a todos os outros nossos irmãos, enfiarmo-nos nas suas consciências e fazermos de Deus?

Muito respeitosamente

Anónimo disse...

BENTO DOMINGUES, O.P. .......................Público, Lisboa,28.01.2007
Eu incompetente me confesso para informar como é que isto seria possível, embora saiba que, enquanto ter filhos for um pesadelo, não adianta pensar muito no aumento da natalidade. O sacrifício pelo sacrifício é uma doença. Só o sacrifício que é fruto do amor possível é fonte de coragem. Mas é um exagero pedir às pessoas que desejam filhos viverem em permanente estado de heroicidade. Não adianta queixar-se da cultura hedonista pela falta de generosidade. Quando as empresas e as organizações, através de sofisticada publicidade, incitam aos prazeres mais imediatos e indeferíveis – casas de sonho, carros de sonho, férias de sonho – teremos uma minoria regalada e a maioria acumulando desejos e decepções e adiando sempre, por estas e por outras razões, a altura para ter descendentes.

Mas também incompetente me confesso para desenhar ou sugerir um modelo capaz de configurar uma outra sociedade viável.

2. Eu incompetente me confesso para sustentar que a hierarquia da Igreja fez bem, ao entregar, apenas, às leis da natureza a regulação da natalidade: «A continência periódica, os métodos de regulação dos nascimentos baseados na auto-observação e no recurso aos períodos infecundos são conformes aos critérios objectivos da moralidade. Estes métodos respeitam o corpo dos esposos, estimulam a ternura entre eles e favorecem a educação de uma liberdade autêntica. Em contrapartida, é intrinsecamente má qualquer acção que, quer em previsão do acto conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação» (1).

João Paulo II repetiu até à saciedade esta herança: «As duas dimensões da união conjugal, a unitiva e a procriadora, não podem ser separadas artificialmente sem atentar contra a verdade íntima do próprio acto conjugal. (...) A Igreja ensina a verdade moral acerca da paternidade e da maternidade responsável, defendendo-a das visões e tendências erróneas, hoje, difusas». Está muito consciente de que o Episcopado , em união com o Papa, é acusado de ser insensível à gravidade dos problemas actuais e de perder popularidade e ver os fiéis a afastarem-se cada vez mais da Igreja (2).

Desde 1968, sobretudo por causa desta atitude perante os métodos contraceptivos, ouvimos com frequência um certo tipo de expressões: «sou católico, mas não sou praticante»; «deixei de ser católico ou não posso continuar a dizer-me católico, embora adira aos seus valores»; «Cristo sim, Igreja não». Mas também há muitos que se guiam pela sua própria consciência, que resistem, digam ou não, «nós também somos Igreja».

3. João Paulo II, na encíclica, Evangelho da Vida (nº 73), é peremptório: «O aborto e a eutanásia são crimes que nenhuma lei humana pode pretender legitimar. (...) Portanto, no caso de uma lei intrinsecamente injusta, como aquela que admite o aborto e a eutanásia, nunca é lícito conformar-se com ela».

Parece-me que um Papa que estivesse de acordo com o aborto ou com a eutanásia devia pedir a sua demissão. No entanto, eu incompetente me confesso para, sob o ponto de vista jurídico, julgar se o Estado tem ou não direito a fazer leis que permitem o aborto.

É saudável, é normal que a Lei de um Estado laico não tenha que estabelecer o que é bem e o que é mal sob o ponto de vista religioso. Não desejaria ver os Estados europeus a adoptarem regimes equivalentes aos da Arábia Saudita ou do Irão: o Estado e a sociedade regidos pela lei ou pela ética religiosas. É por isso que talvez não seja um absurdo perguntar aos cidadãos, como agora, em Portugal, no referendo, se se deve responder "sim" ou "não" à despenalização da interrupção da gravidez, em estabelecimento de saúde, nas primeiras dez semanas, realizado a pedido da mulher. Não se trata de saber quem é e quem não é pelo aborto, neste prazo e nestas condições, mas quem é ou não pela penalização da mulher que aborta neste prazo e nestas condições.

É inevitável a pergunta: dentro das dez semanas, já existe vida humana, ser humano ou pessoa humana? Sobre o que é a vida, sobre o que é vida humana, sobre o que é pessoa, as linguagens do senso comum, das ciências, das filosofias e das religiões não são coincidentes. E, no interior de cada um desses ramos do conhecimento, o debate não está encerrado. Para o Padre Anselmo Borges, professor de Filosofia na Universidade de Coimbra, «a gestação é um processo contínuo até ao nascimento. Há, no entanto, alguns "marcos" que não devem ser ignorados. (...) Antes da décima semana, não é claro que o processo de constituição de um novo ser humano esteja concluído. De qualquer modo, não se pode chamar homicídio, sem mais, à interrupção da gravidez levada a cabo nesse período» (3). A embriologia expressa no boneco chinês é uma pura fraude e uma obscenidade.

Parece-me exorbitante ameaçar os católicos, que votem "sim", com a excomunhão. Comparar o aborto ao terrorismo é fazer das mulheres aliadas da Al-Quaeda. A retórica deve ter limites.

Creio que é compatível o voto na despenalização e ser – por pensamentos, palavras e obras – pela cultura da vida em todas as circunstâncias e contra o aborto. O "sim" à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, dentro das dez semanas, é contra o sofrimento das mulheres redobrado com a sua criminalização. Não pode ser confundido com a apologia da cultura da morte, da cultura do aborto, embora haja sempre doidos e doidas para tudo.

Eu, agora, competente me confesso para afirmar: quando, em Portugal, o aborto for obrigatório, abandono o país. Nem mais, nem menos.


(1) Catecismo da Igreja Católica, nº 2370, citando a Humanae vitae, 14: AAS 60 (1968), 490.

(2) Carta às Famílias, nº 12.

(3) dn, 21/01/2007. Sobre esta questão, cf. Miguel Oliveira da Silva, Ciência, Religião e Bioética no início da vida, Lisboa, Caminho, 2006, pp. 53-85.

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Pe.T.C. disse...

1- "porquê impor as nossas ideias a todos os outros nossos irmãos, enfiarmo-nos nas suas consciências e fazermos de Deus?"

Ninguém impõem nada a ninguém. Muito menos julgar-me dono da verdade. Tomo algumas das minhas actitudes como "formação de consciências" nada mais.


2- "vida/alma tiver outras oportunidades de se vestir com um outro corpo humano"

Re-incarnação, reencarnação... não isso já é muita confusão.

3- "Se já é uma Vida , porque o condenamos sempre a uma existência terrena seja ela favorável ou não?"

E quem somos nós para dizer a respeito da vida de outro se a sua existência humana será ou não favorável?


4- "Não pode ser confundido com a apologia da cultura da morte, da cultura do aborto, embora haja sempre doidos e doidas para tudo."

Exacto. O meu maior medo é esse. Espero nao sero o principio discreto dessa cultura.

5- Anónimo das 2.59. Também leio o público e conheco muito bem a opinião de Frei Bento...Com a qual concordo em quase todos os aspectos. Considero, no entanto, que ele não necessita de secretários... ele se quiser comentar este meu espaço pode sempre!

Anónimo disse...

«Bento said...
Concordo, só em Cristo encontramos a perfeição, Ele é o caminho e a vida. Abraço »

Já vi muito boa gente que nem o filho conhece, e nem por isso deixaram de trilhar o caminho da perfeição.
(será porque se deixaram de intermediários e foram directamente ao Pai?!)

José

Anónimo disse...

P. António Vaz Pinto - Resposta a Frei Bento Domingues

Importante, para todos, é informar e formar a consciência para que cada um possa decidir e agir em conformidade com a recta razão que é a norma ética. E é aqui que nos devemos situar: o que é conforme à razão, às exigências de natureza humana individual e colectiva?Ao regressar ao Porto, domingo à noite, debrucei-me sobre a crónica de Frei Bento Domingues, O.P., "Por opção da mulher", como tantas vezes faço e tantas vezes com tanto gosto e proveito... Infelizmente, desta vez, brotou em mim a desilusão, a discordância e a necessidade imperiosa de lhe responder, no contexto de polémica instalada no país, mas muito para lá dela...Limitado pelo tempo e pelo espaço, irei cingir-me a três tópicos referidos na sua crónica, que considero os mais importantes:
1. Consciência e norma ética. Pode ser útil referir Aristóteles, S. Tomás de Aquino ou J. Ratzinger, o actual Papa, para relembrar que a suprema instância de decisão ética para o cristão, acima da própria suprema autoridade eclesiástica, o Concílio ou o Papa, é a consciência individual. É doutrina mais que tradicional. Mas é bom ter presente que este princípio não vale apenas para a questão do aborto; se alguém se afirmar, cristão e simultaneamente, em consciência, defensor da escravatura, da pedofilia ou do racismo, que lhe dirá Frei Bento? Que lhe pode opor? Fica entregue a si próprio e a Deus... Importante, para todos, é informar e formar a consciência para que cada um possa decidir e agir em conformidade com a recta razão que é a norma ética. E é aqui que nos devemos situar: o que é conforme à razão, às exigências de natureza humana individual e colectiva?
2. A problemática jurídica e penal e os limites da tolerância. Numa sociedade laica e plural como é a nossa - e estou muito contente que assim seja -, os cristãos ou a Igreja não devem nem podem impor a sua "visão" aos outros membros da sociedade. Mas, tal como os membros de outras confissões, agnósticos e ateus, têm todo o direito e até o dever de propor valores e princípios, na busca de um denominador comum que permita a convivência, nunca totalmente pacífica, em sociedade...É precisamente disso que se trata: o ordenamento jurídico de uma dada sociedade, incluindo o ordenamento penal, tem pressupostos e valores donde brotam as diversas normas. Por exemplo, em Portugal, é proibido o roubo, o homicídio, o racismo, a difamação, etc. Quer isto dizer que a sociedade portuguesa, através dos seus legítimos representantes, legisladores, assume como valores e pressupostos a propriedade, a vida humana, a igualdade racial, o bom nome, etc., consagrando-os como "bens jurídicos", a preservar e defender.Essa é que é a questão que se coloca a todos nós, no próximo referendo: independentemente da nossa religião (ou ausência dela) em que modelo de sociedade queremos viver? Que valor consideramos maior? A vida humana, raiz de toda a dignidade e de todos os direitos, "inviolável", como diz a nossa própria Constituição (Artº 24, n. 1), ou consideramos que outros valores, vg. saúde, segurança, não humilhação, valem mais do que a própria vida? Dir-se-á: mas ninguém é obrigado a abortar; proibir o aborto é impor aos outros as nossas convicções: proibir a escravatura, o racismo e a pedofilia também é impor as nossas convicções àqueles que pensam doutra maneira... ou será que essas proibições devem desaparecer do Código Penal? Em cada momento, cada sociedade faz escolhas de carácter ético e, embora possa e deva, nas nossas sociedades pluralistas, deixar largas margens de liberdade e não se intrometer na vida e moral privada de cada um, tem de assegurar as normas jurídicas mínimas de convivência social. Quando a liberdade de um colide com a vida e a liberdade de outro, a sociedade pode e deve fazer escolhas e estabelecer limites. E estas escolhas são feitas sabendo-se de antemão que haverá quem não concorde, que haverá sempre maioria e minoria....O pluralismo não pode ser ilimitado e a própria tolerância levada ao extremo autodestrói-se...
3. "Por opção da mulher"Ao contrário da actual lei - com a qual não concordo, evidentemente (mas que tem o mérito de manter o princípio do respeito pela vida humana e da ilicitude do aborto, apenas abrindo excepções por razões ponderosas) - o que é proposto na pergunta agora colocada a referendo, embora se refira apenas a "despenalização do aborto", corresponde a uma realidade totalmente diferente: desde que praticado em estabelecimento de saúde autorizado e até às dez semanas, a prática do aborto, de facto e de direito, fica totalmente liberalizada e até financiada, dependendo apenas da vontade da mulher. Até às dez semanas, é o total arbítrio...Será isto justo, saudável, estará de acordo com os fundamentos do modelo de sociedade, defensora dos direitos humanos e da dignidade da vida humana, que demorou tantos séculos a construir? Se é certo que a mulher, na sociedade e na Igreja, foi e continua a ser injustamente discriminada, não parece sensato nem justo que se introduza agora uma discriminação positiva, em favor das mulheres, no campo jurídico e penal... O ser humano - homem e mulher - é capaz do pior e do melhor - sem distinção de sexo... Apesar de saber bem o rol de sofrimento da mulher que muitas vezes acompanha a prática do aborto, as pressões, sociais, familiares e afectivas a que está sujeita (muitas vezes do próprio homem que contribuiu para a concepção do feto), entregar à mulher, em total arbítrio, a decisão de vida ou de morte de um ser humano não é justo nem democrático. E diria exactamente o mesmo, é evidente, se o homem fosse o decisor...O combate ao aborto (que todos reconhecem como mal, incluindo os defensores do sim) não passa pela sua liberalização, mas pelo combate às suas raízes... Pais, escola, família, comunicação social, sociedade em geral, a Igreja e o Estado... todos temos culpas e todos temos muito a fazer... O apoio afectivo, psicológico, social e financeiro às mulheres - efectivo - é indispensável e urgente. Não sei qual será o resultado do referendo próximo. Mas sei que a luta pela vida continua e que o que tem futuro na história da humanidade não é o que destrói, mas o que fomenta a promoção integral da vida humana: o homem todo e todos os homens, sem excepção. Isso é que é ser universal, isto é, "católico"... Caro Frei Bento, espero encontrá-lo na próxima curva da nossa história, do mesmo lado, o lado da defesa dos direitos humanos, sem sim, nem mas...

Anónimo disse...

Por opção da mulher
Frei Bento Domingues, O.P.
Como dizia Tomás de Aquino, só somos verdadeiramente livres quando evitamos o mal, porque é mal, e fazemos o bem, porque é bem, não porque está proibido ou mandado
1.Estava já nas últimas páginas da tese e doutoramento de Vítor Coutinho, defendida na Universidade de Münster (Alemanha) - que investiga o paradigma da fecunda interacção entre Bioética e Teologia, terminando com o elogio da interrogação (1) -, quando fui surpreendido com as respostas ao inquérito do DN (30/01/2007): "Concorda ou não que, na defesa dos seus princípios, a Igreja Católica se envolva directamente na campanha do referendo?" Cinquenta e oito por cento rejeita o envolvimento da Igreja e trinta e quatro por cento apoia a sua intervenção.
Donde virá tanta alergia à intervenção da Igreja Católica, identificada abusivamente com a hierarquia?
Circula, há muito, a opinião de que a Igreja tem uma resposta dogmática, irreformável, para todos os problemas sem se preocupar com as perguntas e com os dramas das pessoas, sobretudo no campo da ética sexual. Ainda agora, na carta aos párocos e paroquianos da diocese de Lisboa sobre o referendo, o cardeal-patriarca expressa, logo no primeiro ponto, uma norma que, segundo alguns, não deixa espaço para o esclarecimento e para a liberdade de consciência: "A doutrina da Igreja sobre a vida, inviolável desde o seu primeiro momento, obriga em consciência todos os católicos. Estes, para serem fiéis a Igreja, não devem tomar posições públicas contrárias ao seu Magistério. O esclarecimento que os católicos são chamados a fazer sobre esta questão tem de ter em conta também os critérios de fidelidade à Igreja."
Os problemas de consciência nem sempre foram resolvidos desta maneira. Nem é preciso recuar até S. Tomás de Aquino. Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, quando era professor de Tubinga, escreveu um texto, pouco antes da Humanae Vitae (1968), que Hans Küng, seu colega e amigo, transcreve, agora, nas suas Memórias. Só posso deixar, aqui, um fragmento: "Acima do papa, como expressão da autoridade eclesial, existe ainda a consciência de cada um, à qual é preciso obedecer antes de tudo e, no limite, mesmo contra as pretensões das autoridades da Igreja."
Dir-se-á que o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e actual Papa já teve práticas pouco conformes a esta sua luminosa afirmação. Mas não podemos ignorar que, de modos diferentes, toda a Igreja é docente e discente. Esta interacção é, muitas vezes, esquecida para se pensar, apenas, na palavra da hierarquia e na dos leigos que a reproduzem.

2.A corrente laicista, que deseja a Igreja fechada na sacristia, não creio que seja maioritária na sociedade portuguesa, apesar do nosso passado anticlerical. Mas a grande alergia à presença activa da Igreja talvez resulte da ideia de que ela quer fazer da sociedade e do espaço público uma sacristia. As declarações e posições pouco católicas de certos movimentos, personalidades e de alguns padres dão a impressão de quererem entregar à repressão do Estado, do Código Penal, dos tribunais, da polícia, da cadeia, as suas convicções morais - isto é, parece que não confiam na consciência das mulheres, na sua capacidade de discernimento, para percorrerem todos os caminhos necessários até chegarem a uma decisão bem informada, responsável, prudencial, no sentido que a virtude da prudência, virtude da decisão bem informada, tem em Aristóteles e Tomás de Aquino.
Ora, como escreveu o prof. Vital Moreira, "quando se fala em "despenalização" de certa conduta, tanto no discurso leigo como na linguagem jurídico-penal, o que se pretende é retirá-la do âmbito do direito penal e do Código Penal, ou seja, da esfera dos crimes e das respectivas penas. (...) Só a legalização proporcionará condições para fazer acompanhar a decisão de abortar de um mecanismo obrigatório de reflexão da mulher que o pretenda fazer" (2). E nunca se deve confundir o que é legal com o que é moral.
Como dizia Tomás de Aquino, só somos verdadeiramente livres quando evitamos o mal, porque é mal, e fazemos o bem, porque é bem, não porque está proibido ou mandado. Todo o trabalho que a Igreja tem a fazer é, precisamente, o de ajudar as pessoas a caminharem para esse ponto de lucidez. Esclarecer as consciências não é formatá-las, não é impor-lhes uma outra consciência, não é aliená-las. Quando, nas condições e no prazo referidos, se chama "assassinas" às mulheres que recorrem ao aborto - que a Igreja e qualquer pessoa de bom senso desejam que nunca venha a acontecer -, pode estar-se a insultar, exactamente, as que sofrem os dramas que acompanham essas decisões dolorosas. A resposta ao referendo não deve extravasar o âmbito da pergunta aprovada.
3. Em última análise, a grande suspeita em relação à pergunta do referendo está neste fragmento da frase: "por opção da mulher." E porquê? Porque se julga que as mulheres não são de confiança. No entanto, foi a elas que a natureza confiou a concepção e o desenvolvimento da vida humana, durante nove meses.
Para os cristãos, esta desconfiança em relação às mulheres deveria ser insuportável. Não se lê, no Novo Testamento, que a Incarnação redentora ficou para sempre dependente da decisão de uma mulher, Maria de Nazaré (Lc l, 26-38)? Não foram as mulheres - e, segundo a cultura do tempo, não podiam testemunhar em tribunal - que são apresentadas, nos seus textos fundadores, como as grandes testemunhas do processo de Jesus? Não foram elas que testemunharam que Ele estava vivo, quando os Apóstolos já tinham concluído que estava tudo acabado? Não foi Maria Madalena a escolhida, por Jesus ressuscitado, para evangelizar os Apóstolos, para os convocar para a missão (3)?

Anónimo disse...

Caro Pe Tó Carlos,
1- Obrigada pelas suas palavras.
2- não o acusei a si de impor ideias, referia-me à lei que me considera a mim criminosa por pensar de um modo diferente do seu, independentemente das razões éticas de cada um, enquanto que se houvesse a mudança da lei, nenhum de seria considerado criminoso.

3-Apenas quis testar o meu raciocínio (eu própria ponho a hipótese de não estar certa) e que me ajudasse a pensar melhor.

4- Quem somos nós para dizer a respeito da vida de outro se a sua existência humana será ou não favorável?

E Quem somos nós para decidir seja o que for, então, sobre as vidas dos nossos filhos e de outros? Eu acho que somos filhos de Deus, feitos à sua imagem e semelhança, com uma consciência em formação, aberta, atenta, e não preguiçosa no acomodar em verdades que podem não ser.



5- "O meu maior medo é esse. Espero nao ser o o princípio discreto dessa cultura."
Compreendo o seu receio pela cultura da morte.
Mas realmente a nossa sociedade necessita urgentemente de uma verdadeira cultura da morte não no sentido de ser dela apologista, mas de a encarar naturalmente como uma fase da vida relativizando o seu negro peso.
E este é para mim um momento privilegiado em que essa semente poderia ser lançada. Pôr a hipótese de que para além da vida e da morte há o Amor e que é exactamente por Amor, por a mãe querer o melhor para o seu filho que o impede de nascer. Não foi exactamente por nos Amar que Deus nos entregou o seu Filho e O entregou à Morte?

E o meu maior medo é que num caso destes que é de consciência(se não fosse,as sociedades não estariam divididas ao meio), o meu maior medo é que à custa de uma luta desenfreada pela vida a todo o custo, se imponha por lei algo de que não temos a certeza, causando assim de certeza doses incalculáveis de sofrimento (inclusivé na culpa que se infiltra nas consciências). Prefiro contribuir, ainda que haja abusos, pelo combate destes sofrimentos que são certos a combater pelo direito de algo de que não tenho bem a certeza do que é, do que se sente, do que quer.

Mais do que não querer ser o princípio discreto de uma cultura de morte,
não quero ser o princípio discreto de uma cultura em que uns, porque acham que sabem mais, impõem aos outros , até pela lei, um agir contrário aos seus princípios mais íntimos igualmente éticos nas suas percepções, não deixando que as duas floresçam. Esse medo é para mim maior, porque enquanto não se têm certezas, degladiamo-nos como inimigos, há punições, causam-se sofrimentos desnecessários, podento estar todos à procura da verdade, em harmonia.